Lívia disse: "Mano do céu...acabei de ler um livro que 😱". E aí começou a seguinte prosa na Oficina de leitura e interpretação literária:
-- Professor Orlando...já que vc manja dos paranaues de experiência de leitura e metodologia de leitura, poderia me enviar alguns artigos ou textos relacionadas? Estou (super) precisando.
Orlando disse: -- Uai, vamos fazer um levantamento bibliográfico sobre esses temas, estou acabando de ver aqui um TCC de orientando, acabando tentarei começar uma lista bibliográfica sobre esses assuntos.
Vitor disse: -- [16:02, 5/6/2018] +55 21 98787-9367: Mas ainda acho "Plataforma" o melhor.
[16:04, 5/6/2018] +55 21 98787-9367: "A possibilidade de uma ilha" é bem interessante. Mas quando li, não conseguia ver ainda o alcance que a internet iria ter em nossas vidas.
[16:05, 5/6/2018] +55 21 98787-9367: E tem o "partículas elementares", que se tornou um filme não muito bom. Mas o livro é! O cara é bom. E consegue uma proesa: ser odiado por católicos, muçulmanos, mulheres, gays, políticos...
Lívia: -- Hahaha dá para entender. Contudo cai naquela questão: até que ponto o autor não se mistura com a sua obra? Eu particularmente consegui fazer a leitura por ela mesma. Não imbricando personagem e escritor. Leia Professor...já que vc curte distopias. Ele tem uma posição politica de direita. Mas não sei afirmar se ele é realmente misógino e islamofóbico. (...) Só para separar as coisas, não estou dizendo que pessoas de direita são misógenas ok? É que no livro o personagem é.
Vitor: -- Sim, ainda temos isso. Mas, mesmo a personagem sendo um FDP, se bem construída, tem seus méritos. Daí a concordar com as posições da personagem, vai uma distância. Creio. Na realidade, Livia, eu nem sei se deveria fazer essa separação entre a pessoa e o autor. Mas em geral faço. Com relação ao Houellebeqc, fiz também. Gosto muito da literatura dele, mesmo não aceitando algumas posições políticas dele.
Orlando: -- Essa é uma discussão que vai longe, ainda mais em tempos "politicamente corretos" como o nosso. Melhor ficar com uma literatura que defende princípios mas pode parecer "ingênua" ou com uma literatura que confronta nossos princípios mas que ao mesmo tempo "ensina" (uma visão de mundo "inteligente", "crítica", "consciente")? Dilemas, dilemas... E a "bagunça" nem fica só na confusão entre "pessoa" e "autor", mas também entre estes e seus "protagonistas", os personagens eles mesmos.
Orlando: -- Por isso não podemos esquecer que buscamos o "sentido (global, unificado) do texto", e não o "sentido (parcial) do personagem" no contexto da narrativa.
Lívia: -- No começo até questionei "não acredito que to lendo isso". Depois saquiei o humor negro do autor. Que tudo estava levando a uma grande crítica da sociedade francesa e da pós modernidade.
Vitor: -- Sim, vejo muito por aí, uma crítica virelenta à sociedade em geral.
Lívia: -- [17:00, 5/6/2018] +55 27 98886-4724: Professor...vou criar um novo projeto para a disciplina hahaha.... "clube de leitura: livros que bugam e conversas de bar" [17:00, 5/6/2018] +55 27 98886-4724: Podendo incluir tbm filmes que bugam!
Orlando: -- "Clube de Leitura: livros que bugam EM conversas de bar", hein, hein? E sim, os personagens são representações que o autor usa/manipula para levar o leitor a "efeitos de sentido" (que podem "enganar" os leitores", ou mesmo confundir), e se a gente não toma cuidado pode ficar preso em "identificações primárias" que reduzem nosso alcance/capacidade interpretativa.
Lívia: Salvei essa fala com uma estrelinha. Alguém mais leu Submissão ai galera? Vou ler.. Já dá para formar uma tribo!
Carolina: -- Nunca li, mas se tratando de uma distopia, tenho interesse hahahahaha
(...)
06/12 - 23:15
Lívia: -- Gente...Boa noite. Como era o nome daquela corrente que estávamos falando ontem... [23:15, 6/6/2018] +55 27 98886-4724: inha o estruturalismo...e...? 😅 foi mal...os conceitos sumiram um pouco
Vitor: Pois é, e o Orlando falou: andem com molesquines, bloquinhos de notas...
Orlando: -- Orlando Lopes: Lívia, tente localizar melhor o termo. Acho que eu falei sobre as três bases/modelos teóricos da Literatura: a "teoria do autor", a do "texto" e a do "leitor": as "teorias do texto" são: Formalismo, Estruturalismo/Funcionalismo e Pós-Estruturalismo. É interessante observar então que a "mediação da leitura" acontece no espaço da "teoria da recepção. Orlando Lopes: O ponto teórico é a gente não pode reduzir o pensamento sobre a Literatura a uma matriz única, ou seja: Literatura = (Autor - Texto - Leitor ). O problema é fazer a aplicação desse princípio.
Lívia: Lembrei! Teoria da Recepção
Vitor: Isso, foi por aí. A construção e o texto propriamente dito. Ou impropriamente dito. Hahahah. O que a gente constrói. Não seria isso, "Impropriamente dito"? Às vezes, determinadas leituras são extremamente reducionistas.
Lívia: E pq eu estava lendo um "pronunciamento" do Houellebecq no qual ele diz que não se sente culpado pelo ataque terrorista ao jornal Charlie Hebdo, apesar de ter ficado mal. É apesar do "misticismo" que possa ter se instalado no seu livro, ele não fez previsão e nem quis provocar tais atos. Atribui ao próprio jornal satírico a culpa.
Orlando: É um ponto complexo, com certeza, Lívia. Orlando Lopes: A discussão sobre isso recua (hahaha) a Platao e a Aristóteles
Vitor: No livro dele "Plataforma", no final, ele fala de um ataque terrorista na Indonesia (um país desses). Um ou dois anos depois, esse ataque ocorre como descrito no livro.
Orlando: Reparem que existem duas tendências na teoria da Literatura, uma "prescritivista" e outra "descritivista"... Esses dois caminhos fazem a gente atentar para a "delicadeza" e a "responsabilidade" do autor
Lívia: Se vc for pela AD de linha francesa. Não é o que vc diz mas como vc diz. Pois quando vc estrutura uma narrativa o autor tem uma chave de sentidos. A forma que ele a expõe pode implicar numa interpretação talvez previsível de A,B,C. Mas não é pq ele não previu a D e É que elas não possam ter sido geradas pela mesma chave. Sei lá...posso ta falando muita besteira.
Orlando: Isso o "como você diz" é uma "modulação do discurso", certo? Então a Análise do Discurso se pauta pela compreensão sobre a "produção de sentido", e a Literatura pode ser compreendida como a "sistematização da modulação do discurso" (ou seja, a estruturação em gêneros)
Vitor: Mas acho que o Houellebeqc percebe o que estamos vivendo, uma espécie de "mundo possível" de Leibniz. Veja, "submissão" foi publicado em 2015 e se passa em 2020, 22 etc. É muito real.
Lívia: Achei irônico o Houellebecq jogar a responsabilidade para o jornal Charlie pelo fato deles satirizarem o Islã. Quando ele mesmo usa da irônica para criticar ou se "safar". Pois e aquela velha história "eu não disse isso, vc que interpretou dessa forma"
Vitor: Por aí. Acho que o cara tá muito ligado e, daí, pra tirar uma sacação, pouco custa.
Orlando: O autor é uma "função discursiva" que opera significados (os "textos") que produzem "efeitos de sentido" sobre a sensibilidade e a inteligência dos leitores. Todo autor sempre buscará validar o seu discurso, caindo facilmente em tendencialismos ideológicos para se justificar. (...) O Houellebecq (não estou fazendo uma consideração empírica, não li o autor), sabendo ou não disso (claro que sabe...) dispara imagens a partir de uma intencionalidade, mas essas imagens são "veiculadas" por meio de signos (os signos, no nosso caso, linguísticos). O problema é que os signos, mesmo os signos complexos como um romance, dependem de contextos para significar. quanto mais um texto se afasta de seu contexto original, mais ele tende a se tornar ambíguo ou "fora de esquadro". Em última análise, a consideração sobre Houellebecq será de fundo moral ou ideológico, não estético.
Lívia: -- Ai nessas horas todo mundo quer voltar ao estruturalismo ou Funcionalismo
Orlando: -- Em princípio é mais confortável, mas ficar fechado nessas abordagens já mostrou muita fragilidade. E aqui ainda tem a questão de se questionar a ideia de que o conhecimento em humanidades "caduca", e que a teoria do texto "cancela" a teoria do"autor", e que a "recepção" cancela as teorias "estruturalistas". Todos os modelos continuam válidos, mas precisamos entender como eles "coexistem" e como afetam a constituição uns dos outros. E a questão moral é dúbia, uma faca de dois legumes: pode ser importante um autor que não arrisque, provoque, contraponha?
Livia: Caraca Professor...tudo fez sentido!
(...)
Lívia: [11:13, 7/6/2018] +55 27 98886-4724: A teoria da recepção pode parecer óbvia , mas pra muita gente isso choca. Porque faz você pensar no sujeito, no outro, se aproximar. Nos achamos tão "geniais" e ainda sim...são esses tipos de embates que ainda tentamos desconstruir
Orlando: Sim, volto àquela questão da necessária "multiplicidade" para dar conta compreender o "fenômeno literário". Ou seja: à medida que você reduz a "Literatura" a "um princípio" você ganha em definição (um aspecto dela se torna mais visível) mas perde em amplitude (e passa a confundir os elementos que "não cabem" no seu modelo reduzido)
Lívia: Essas aulas/conversas no whatsapp estão muito legais. Taí o uso da tecnologia da informação no ensino-aprendizagem.
Orlando: Livia, cada meio tem a sua potência, a gente só tem que se abrir para eles 🙂, e é em grande parte pra isso que estamos na universidade. Mas eu entendo que não dá pra todo mundo acompanhar, então me ocorreu que podemos talvez transferir essas discussões para um "grupo do grupo", assim quem "curte teoria" pode acompanhar sem confundir quem já tem muito chifre na cabeça dos seus cavalos 🙂
Ou podemos fazer isso no Fórum da RELer&Fazer, pois os tópicos podem ser lidos por outras pessoas interessadas em leitura
(...)
Ícaro: Livia, a discussão que levantou com o Houellebecq me lembrou o que já dizia Oscar Wilde: "Não existem livros morais ou imorais. Os livros são bem ou mal escritos" 😂😂😂😂 Será mesmo? ~ cara de de alguém que está pensando ~
Livia: Livros só transformam pessoas... Contrustiva ou destrutivamente...para complementar com Cândido
Lívia disse: "Mano do céu...acabei de ler um livro que 😱". E aí começou a seguinte prosa na Oficina de leitura e interpretação literária:
-- Professor Orlando...já que vc manja dos paranaues de experiência de leitura e metodologia de leitura, poderia me enviar alguns artigos ou textos relacionadas? Estou (super) precisando.
Orlando disse: -- Uai, vamos fazer um levantamento bibliográfico sobre esses temas, estou acabando de ver aqui um TCC de orientando, acabando tentarei começar uma lista bibliográfica sobre esses assuntos.
Vitor disse: -- [16:02, 5/6/2018] +55 21 98787-9367: Mas ainda acho "Plataforma" o melhor.
[16:04, 5/6/2018] +55 21 98787-9367: "A possibilidade de uma ilha" é bem interessante. Mas quando li, não conseguia ver ainda o alcance que a internet iria ter em nossas vidas.
[16:05, 5/6/2018] +55 21 98787-9367: E tem o "partículas elementares", que se tornou um filme não muito bom. Mas o livro é! O cara é bom. E consegue uma proesa: ser odiado por católicos, muçulmanos, mulheres, gays, políticos...
Lívia: -- Hahaha dá para entender. Contudo cai naquela questão: até que ponto o autor não se mistura com a sua obra? Eu particularmente consegui fazer a leitura por ela mesma. Não imbricando personagem e escritor. Leia Professor...já que vc curte distopias. Ele tem uma posição politica de direita. Mas não sei afirmar se ele é realmente misógino e islamofóbico. (...) Só para separar as coisas, não estou dizendo que pessoas de direita são misógenas ok? É que no livro o personagem é.
Vitor: -- Sim, ainda temos isso. Mas, mesmo a personagem sendo um FDP, se bem construída, tem seus méritos. Daí a concordar com as posições da personagem, vai uma distância. Creio. Na realidade, Livia, eu nem sei se deveria fazer essa separação entre a pessoa e o autor. Mas em geral faço. Com relação ao Houellebeqc, fiz também. Gosto muito da literatura dele, mesmo não aceitando algumas posições políticas dele.
Orlando: -- Essa é uma discussão que vai longe, ainda mais em tempos "politicamente corretos" como o nosso. Melhor ficar com uma literatura que defende princípios mas pode parecer "ingênua" ou com uma literatura que confronta nossos princípios mas que ao mesmo tempo "ensina" (uma visão de mundo "inteligente", "crítica", "consciente")? Dilemas, dilemas... E a "bagunça" nem fica só na confusão entre "pessoa" e "autor", mas também entre estes e seus "protagonistas", os personagens eles mesmos.
Orlando: -- Por isso não podemos esquecer que buscamos o "sentido (global, unificado) do texto", e não o "sentido (parcial) do personagem" no contexto da narrativa.
Lívia: -- No começo até questionei "não acredito que to lendo isso". Depois saquiei o humor negro do autor. Que tudo estava levando a uma grande crítica da sociedade francesa e da pós modernidade.
Vitor: -- Sim, vejo muito por aí, uma crítica virelenta à sociedade em geral.
Lívia: -- [17:00, 5/6/2018] +55 27 98886-4724: Professor...vou criar um novo projeto para a disciplina hahaha.... "clube de leitura: livros que bugam e conversas de bar" [17:00, 5/6/2018] +55 27 98886-4724: Podendo incluir tbm filmes que bugam!
Orlando: -- "Clube de Leitura: livros que bugam EM conversas de bar", hein, hein? E sim, os personagens são representações que o autor usa/manipula para levar o leitor a "efeitos de sentido" (que podem "enganar" os leitores", ou mesmo confundir), e se a gente não toma cuidado pode ficar preso em "identificações primárias" que reduzem nosso alcance/capacidade interpretativa.
Lívia: Salvei essa fala com uma estrelinha. Alguém mais leu Submissão ai galera? Vou ler.. Já dá para formar uma tribo!
Carolina: -- Nunca li, mas se tratando de uma distopia, tenho interesse hahahahaha
(...)
06/12 - 23:15
Lívia: -- Gente...Boa noite. Como era o nome daquela corrente que estávamos falando ontem... [23:15, 6/6/2018] +55 27 98886-4724: inha o estruturalismo...e...? 😅 foi mal...os conceitos sumiram um pouco
Vitor: Pois é, e o Orlando falou: andem com molesquines, bloquinhos de notas...
Orlando: -- Orlando Lopes: Lívia, tente localizar melhor o termo. Acho que eu falei sobre as três bases/modelos teóricos da Literatura: a "teoria do autor", a do "texto" e a do "leitor": as "teorias do texto" são: Formalismo, Estruturalismo/Funcionalismo e Pós-Estruturalismo. É interessante observar então que a "mediação da leitura" acontece no espaço da "teoria da recepção. Orlando Lopes: O ponto teórico é a gente não pode reduzir o pensamento sobre a Literatura a uma matriz única, ou seja: Literatura = (Autor - Texto - Leitor ). O problema é fazer a aplicação desse princípio.
Lívia: Lembrei! Teoria da Recepção
Vitor: Isso, foi por aí. A construção e o texto propriamente dito. Ou impropriamente dito. Hahahah. O que a gente constrói. Não seria isso, "Impropriamente dito"? Às vezes, determinadas leituras são extremamente reducionistas.
Lívia: E pq eu estava lendo um "pronunciamento" do Houellebecq no qual ele diz que não se sente culpado pelo ataque terrorista ao jornal Charlie Hebdo, apesar de ter ficado mal. É apesar do "misticismo" que possa ter se instalado no seu livro, ele não fez previsão e nem quis provocar tais atos. Atribui ao próprio jornal satírico a culpa.
Orlando: É um ponto complexo, com certeza, Lívia. Orlando Lopes: A discussão sobre isso recua (hahaha) a Platao e a Aristóteles
Vitor: No livro dele "Plataforma", no final, ele fala de um ataque terrorista na Indonesia (um país desses). Um ou dois anos depois, esse ataque ocorre como descrito no livro.
Orlando: Reparem que existem duas tendências na teoria da Literatura, uma "prescritivista" e outra "descritivista"... Esses dois caminhos fazem a gente atentar para a "delicadeza" e a "responsabilidade" do autor
Lívia: Se vc for pela AD de linha francesa. Não é o que vc diz mas como vc diz. Pois quando vc estrutura uma narrativa o autor tem uma chave de sentidos. A forma que ele a expõe pode implicar numa interpretação talvez previsível de A,B,C. Mas não é pq ele não previu a D e É que elas não possam ter sido geradas pela mesma chave. Sei lá...posso ta falando muita besteira.
Orlando: Isso o "como você diz" é uma "modulação do discurso", certo? Então a Análise do Discurso se pauta pela compreensão sobre a "produção de sentido", e a Literatura pode ser compreendida como a "sistematização da modulação do discurso" (ou seja, a estruturação em gêneros)
Vitor: Mas acho que o Houellebeqc percebe o que estamos vivendo, uma espécie de "mundo possível" de Leibniz. Veja, "submissão" foi publicado em 2015 e se passa em 2020, 22 etc. É muito real.
Lívia: Achei irônico o Houellebecq jogar a responsabilidade para o jornal Charlie pelo fato deles satirizarem o Islã. Quando ele mesmo usa da irônica para criticar ou se "safar". Pois e aquela velha história "eu não disse isso, vc que interpretou dessa forma"
Vitor: Por aí. Acho que o cara tá muito ligado e, daí, pra tirar uma sacação, pouco custa.
Orlando: O autor é uma "função discursiva" que opera significados (os "textos") que produzem "efeitos de sentido" sobre a sensibilidade e a inteligência dos leitores. Todo autor sempre buscará validar o seu discurso, caindo facilmente em tendencialismos ideológicos para se justificar. (...) O Houellebecq (não estou fazendo uma consideração empírica, não li o autor), sabendo ou não disso (claro que sabe...) dispara imagens a partir de uma intencionalidade, mas essas imagens são "veiculadas" por meio de signos (os signos, no nosso caso, linguísticos). O problema é que os signos, mesmo os signos complexos como um romance, dependem de contextos para significar. quanto mais um texto se afasta de seu contexto original, mais ele tende a se tornar ambíguo ou "fora de esquadro". Em última análise, a consideração sobre Houellebecq será de fundo moral ou ideológico, não estético.
Lívia: -- Ai nessas horas todo mundo quer voltar ao estruturalismo ou Funcionalismo
Orlando: -- Em princípio é mais confortável, mas ficar fechado nessas abordagens já mostrou muita fragilidade. E aqui ainda tem a questão de se questionar a ideia de que o conhecimento em humanidades "caduca", e que a teoria do texto "cancela" a teoria do"autor", e que a "recepção" cancela as teorias "estruturalistas". Todos os modelos continuam válidos, mas precisamos entender como eles "coexistem" e como afetam a constituição uns dos outros. E a questão moral é dúbia, uma faca de dois legumes: pode ser importante um autor que não arrisque, provoque, contraponha?
Livia: Caraca Professor...tudo fez sentido!
(...)
Lívia: [11:13, 7/6/2018] +55 27 98886-4724: A teoria da recepção pode parecer óbvia , mas pra muita gente isso choca. Porque faz você pensar no sujeito, no outro, se aproximar. Nos achamos tão "geniais" e ainda sim...são esses tipos de embates que ainda tentamos desconstruir
Orlando: Sim, volto àquela questão da necessária "multiplicidade" para dar conta compreender o "fenômeno literário". Ou seja: à medida que você reduz a "Literatura" a "um princípio" você ganha em definição (um aspecto dela se torna mais visível) mas perde em amplitude (e passa a confundir os elementos que "não cabem" no seu modelo reduzido)
Lívia: Essas aulas/conversas no whatsapp estão muito legais. Taí o uso da tecnologia da informação no ensino-aprendizagem.
Orlando: Livia, cada meio tem a sua potência, a gente só tem que se abrir para eles 🙂, e é em grande parte pra isso que estamos na universidade. Mas eu entendo que não dá pra todo mundo acompanhar, então me ocorreu que podemos talvez transferir essas discussões para um "grupo do grupo", assim quem "curte teoria" pode acompanhar sem confundir quem já tem muito chifre na cabeça dos seus cavalos 🙂
Ou podemos fazer isso no Fórum da RELer&Fazer, pois os tópicos podem ser lidos por outras pessoas interessadas em leitura
(...)
Ícaro: Livia, a discussão que levantou com o Houellebecq me lembrou o que já dizia Oscar Wilde: "Não existem livros morais ou imorais. Os livros são bem ou mal escritos" 😂😂😂😂 Será mesmo? ~ cara de de alguém que está pensando ~
Livia: Livros só transformam pessoas... Contrustiva ou destrutivamente...para complementar com Cândido